Wednesday, December 28, 2011

The Beauty of LaTeX

Recomendo fortemente o texto de Dario Taraborelli "The Beauty of LaTeX". Em poucas linhas ele traça um panorama claro das vantagens estéticas desta magnífica plataforma de preparação de documentos. Ele ainda fornece referências muito interessantes.

Friday, July 8, 2011

Thursday, July 7, 2011

Karl Popper e a Filosofia da Ciência

O texto disponível aqui permite ter uma ideia do que se tratam as disciplinas Metodologia da Pesquisa e do Trabalho Científico e Epistemologia e Metodologia Científica, tal como as leciono no IC da Ufal.

Thursday, June 30, 2011

Passeatas diferentes

Folha de São Paulo, 30 de junho de 2011

CONTARDO CALLIGARIS

Passeatas diferentes

Por que alguém desfila para pedir não liberdade para si mesmo, mas repressão para os outros?


DOMINGO PASSADO, em São Paulo, foi o dia da Parada Gay.

Alguns criticam o caráter carnavalesco e caricatural do evento. Alexandre Vidal Porto, em artigo na Folha do próprio domingo, escreveu que, na luta pela aceitação pública, "é mais estratégico exibir a semelhança" do que as diferenças, pois a conduta e a aparência "ultrajantes" podem ter "efeito negativo" sobre o processo político que leva à igualdade dos homossexuais. Conclusão: "O papel da Parada é mostrar que os homossexuais são seres humanos comuns, que têm direito a proteção e respeito, como qualquer outro cidadão".

Entendo e discordo. Para ter proteção e respeito, nenhum cidadão deveria ser forçado a mostrar conformidade aos ideais estéticos, sexuais e religiosos dominantes. Se você precisa parecer "comum" para que seus direitos sejam respeitados, é que você está sendo discriminado: você não será estigmatizado, mas só à condição que você camufle sua diferença.

Importa, portanto, proteger os direitos dos que não são e não topam ser "comuns", aqueles cujos comportamentos "caricaturais" testam os limites da aceitação social.
Nos últimos anos, mundo afora, as Paradas Gays ganharam a adesão de milhões de heterossexuais porque elas são o protótipo da manifestação libertária: pessoas desfilando por sua própria liberdade, sem concessões estratégicas. É essa visão que atrai, suponho, as famílias que adotam a Parada Gay como programa de domingo. A "complicação" de ter que explicar às crianças a razão de homens se esfregarem meio pelados ou de mulheres se beijarem na boca é largamente compensada pela lição cívica: com o direito deles à diferença, o que está sendo reafirmado é o direito à diferença de cada um de nós.

O mesmo vale para a Marcha para Jesus, que foi na última quinta (23), também em São Paulo. Para muitos que desfilaram, imagino que a passeata por Jesus tenha sido um momento de afirmação positiva de seus valores e de seu estilo de vida -ou seja, um desfile para dizer a vontade de amar e seguir Cristo, inclusive de maneira caricatural, se assim alguém quiser.

Ora, segundo alguns líderes evangélicos, os manifestantes de quinta-feira não saíram à rua para celebrar sua própria liberdade, mas para criticar as recentes decisões pelas quais o STF reconheceu a união estável de casais homossexuais e autorizou as marchas pela liberação da maconha. Ou seja, segundo os líderes, a marcha não foi por Jesus, mas contra homossexuais e libertários.

Pois é, existem três categorias de manifestações: 1) as mais generosas, que pedem liberdade para todos e sobretudo para os que, mesmo distantes e diferentes de nós, estão sendo oprimidos; 2) aquelas em que as pessoas pedem liberdade para si mesmas; 3) aquelas em que as pessoas pedem repressão para os outros.
O que faz que alguém desfile pelas ruas para pedir não liberdade para si mesmo, mas repressão para os outros?

O entendimento trivial desse comportamento é o seguinte: em regra, para combater um desejo meu e para não admitir que ele é meu, eu passo a reprimi-lo nos outros.
Seria simplório concluir que os que pedem repressão da homossexualidade sejam todos homossexuais enrustidos. A regra indica sobretudo a existência desta dinâmica geral: quanto menos eu me autorizo a desejar, tanto mais fico a fim de reprimir o desejo dos outros. Explico.

Digamos que eu seja namorado, corintiano, filho, pai, paulista, marxista e cristão; cada uma dessas identidades pode enriquecer minha vida, abrindo portas e janelas novas para o mundo, permitindo e autorizando sonhos e atos impensáveis sem ela. Mas é igualmente possível, embora menos alegre, abraçar qualquer identidade não pelo que ela permite, mas por tudo o que ela impede.

Exemplo: sou marido para melhor amar a mulher que escolhi ou sou marido para me impedir de olhar para outras? Não é apenas uma opção retórica: quem vai pelo segundo caminho se define e se realiza na repressão -de seu próprio desejo e, por consequência, do desejo dos outros. Para se forçar a ser monogâmico, ele pedirá apedrejamento para os adúlteros: reprimirá os outros, para ele mesmo se reprimir. No contexto social certo, ele será soldado de um dos vários exércitos de pequenos funcionários da repressão, que, para entristecer sua própria vida, precisam entristecer a nossa.

ccalligari@uol.com.br

@ccalligaris

Wednesday, June 29, 2011

Evangelicals, evolution and atheism: the 2011 Pew Foundation survey

A matéria original foi postada em http://whyevolutionistrue.wordpress.com/2011/06/29/evangelicals-evolution-and-atheism-the-2011-pew-foundation-survey/

Evangelicals, evolution and atheism: the 2011 Pew Foundation survey

This is a guest piece by reader Sigmund, who read the entire 100-odd page Pew survey. My thanks for his written take on it.

Compared to most developed nations, the proportion of evangelical Christians in the USA is far higher. In 2004 they comprised 26.3% of the population. At the same time, the level of acceptance of the theory of evolution is significantly lower. The question of whether there is a direct connection between evangelicals and the rejection of evolution has been difficult to quantify, however, since most surveys to date have not separated specific religious subgroups.

This issue has now been addressed in a new survey released by the Pew Research Forum on Religion and Public Life, who polled the opinions of evangelical leaders attending last year’s Lausanne Congress on World Evangelization.

A quick background on the Lausanne Congress is in order. The number of evangelical Christians has risen worldwide from about 80 million in 1910, 90% of whom lived in the US or Europe, to over 260 million today—the majority of whom live outside Europe or the USA. The first international congress of worldwide evangelical leaders was organized by Billy Graham in Lausanne, Switzerland in 1974, followed by the second in 1989 in Manila.

The current survey involved attendees of the third convention, which took place in Cape Town, South Africa, in October 2010. This congress brought together over 4000 evangelical leaders from across the globe in numbers representative of the proportion of evangelical Christians in each region. Viewing this as the perfect opportunity to gauge what the leaders of the worldwide evangelical community feel about a wide variety of contentious issues, the Pew Research Center devised a questionnaire that was sent to all attendees, the majority of whom completed it.

The full survey summarizes evangelical opinions on a wide variety of topics, and is available from this link. Here I’ll concentrate on the results of a subset of questions of special relevance to the readers of this site.

Evangelicals and Evolution

First, and probably of no surprise to anyone, is the result of the question regarding acceptance of the scientific theory of evolution. The survey posed the question:

“Which statement comes closest to your own views?” - the options being:

Humans and other living things have evolved over time due to natural processes such as natural selection.
A supreme being guided the evolution of living things for the purpose of creating humans and other life in the form it exists today.
Humans and other living things have existed in their present form since the beginning of time.
In other words the choices are evolution, intelligent design of the Michael Behe variety, and standard creationism. It is important to note that the Pew foundation used a wording for the evolution option that, unlike some previous surveys, doesn’t specifically exclude a role for God: for instance, someone who believes that God set up the laws of nature and that biological evolution is just one of the consequences of these laws should answer option A.

What proportion of evangelicals accept the scientific theory of evolution?

The answer is 3%

Almost half (47%) of respondents opted for traditional creationism, while 41% chose intelligent design. Not exactly testament (ahem) to the success of BioLogos in convincing evangelicals to accept biological evolution. Bearing in mind that surveys of this type usually have a margin of error of several percentage points (surveys of atheists occasionally show a similar percentage answering that they believe in God!), one can read this result as a unanimous rejection by this community of the scientific consensus on biological evolution.

To put the 3% figure in perspective, it is the same as the percentage of evangelicals who answered that it is not “essential to follow the teachings of Christ in one’s personal and family life”: pretty much the defining feature of evangelical Christianity. Furthermore, the 3% figure for support of evolution by evangelicals was consistent across all geographic regions.

BioLogos, in trying to convince evangelical Christians to accept evolution while keeping their religion, may be tacking an almost insurmountable problem. Rejection of evolution is not simply a theological side issue in evangelical Christianity, but appears to be a defining feature.

The Problem of Atheism

Evangelical Christianity, as a whole, tends to more prevalent in countries with higher levels of religiosity. Regions such as the USA, South America and sub-Saharan Africa have large numbers of Evangelical Christians in contrast to Northern Europe. Most evangelicals attending this congress, then, will have come from countries with a low percentage of atheists in their population.

This makes it all the more surprising that the number one issue seen as a threat to Evangelicism was “The influence of secularism” (secularism and atheism/non belief in God is frequently used within the survey as meaning the same thing). 71% of evangelicals saw this as a major threat while 20% viewed it as a minor threat. In comparison, the influence of Islam is seen as a major threat by 47% of evangelicals and government restrictions on religion by 22%.

Taking these figures into account, we can perhaps see why atheists figure prominently in another survey result—the views of other religious traditions.

Atheists are the number one most hated group by evangelicals, 70% of whom say they have an unfavorable opinion of atheists, although Buddhists, Hindus and Muslims (65%, 65% and 67% unfavorable, respectively) are close behind.

Curiously, though, when asked about how they perceive the friendliness of other religious groups towards evangelicals, only a minority of evangelicals (45%) view atheists as unfriendly, with most perceiving atheists as either neutral (49%) or friendly (8%). The figures for the perceived friendliness of atheists are very similar to those of Jews, Buddhists and Hindus—Muslims were the exception, with 69% of evangelicals perceiving them as unfriendly towards evangelicals.

So, compared to other non Christian groups, atheists are not perceived as particularly unfriendly towards evangelicals, yet we are by far the most hated group. Perhaps it’s our inherent tendency towards violence that is the problem (remember Stalin!)

Apparently not. The survey asked whether some religions were more prone to violence than others. Despite atheism being one of the possible answers in this question, not a single evangelical answered that atheism was prone to violence. Considering that some of the evangelicals at the conference will have come from countries in Northern Europe with atheist majorities, they would have been aware if the gradual drop in Northern European religiosity resulted in believers getting carted off to the killing fjords.

So, on to the final mention of atheists in the survey.

Guess who evangelicals see as the top priority for evangelization?

Yes! It’s us again!

73% of evangelicals view the non-religious as the top target for evangelization.

This compares to 59% voting for Muslims and 27% for Jews.

Unfortunately, the survey only hints at how this evangelization process might proceed. When asked about their missionary position evangelicals were firm: the vast majority (86%) viewed using local missionaries, rather than sending in outsiders, to try to convert people of a different belief.

In terms of converting atheists, though, this seems problematic.

Evangelicals trying to convert atheists would need a missionary who is an atheist yet agrees with them on many core issues. This missionary would need to have an almost irrational hatred for outspoken atheism, a love of religious belief and an almost uncanny ability to get up atheists’ noses. Where on earth will they find someone like that?

OK, now that we’ve covered the serious stuff in the survey, we can look at the answers to the set of humorous questions that some comedian on the staff of the Pew foundation slipped in for a laugh.

First, remember how everyone agreed that Harold Camping was a lunatic for telling everyone who would listen that Jesus was about to return to Earth to rapture up to heaven a subset of believers, leaving the rest of us to suffer a seven year period of tribulation? Well apparently ‘everyone’ did not include the evangelical community, an overall majority of whom answered that Jesus will return during their lifetimes (44% say probably and 8% say he will definitely return) and that the rapture and tribulation will occur (61% agree).

There also appears to be a curious hatred for “Yoga as a spiritual practice” amongst evangelicals, with 92% saying that it is incompatible with evangelical Christianity. One suspects that an intervention by Chris Mooney and Elaine Howard Ecklund is required (these evangelicals are clearly interpreting the word “spiritual” the wrong way, aren’t they?)

Of particular interest in this survey is the direct connection many of the leadership of the evangelical community appear to have with God Himself.

“Nearly all the evangelical leaders surveyed (94%) say they have received a direct answer to a specific prayer request at some point in the past.”

Is God Confused?

Despite this direct line to the top, there seems to be a curious variation in what God is telling different leaders, especially when you ask evangelicals who come from North America and Europe (Global North) compared to evangelicals from the Middle East and Africa (Global South). For instance God seems very confused about alcohol.

“A majority (73%) of the leaders from the Global North consider alcohol consumption to be compatible with being a good evangelical Christian. By contrast, a similarly large majority of the leaders from the Global South (75%) say alcohol consumption is not compatible with being a good evangelical.”

And that’s not all.

Despite 84% of worldwide evangelical leaders saying that homosexuality should be discouraged, a majority of evangelical leaders (51%) from South and Central America answered that homosexuality should be accepted by society.

What’s more, there appears to be a marked difference in views on how women should be treated.

“Among U.S. leaders, 44% agree women should stay at home, while 53% disagree. Leaders in Europe, however, reject the idea of women staying at home by a more than two-to-one margin, 69% to 28%.”

and

“European leaders (62%) and North American leaders (54%) are especially likely to reject the idea that a wife must always obey her husband. On the other hand, upwards of 60% of leaders from sub-Saharan Africa, the Middle East-North Africa and the Asia-Pacific region agree that a wife must always obey her.

The secularist might suspect that major differences in fundamental beliefs (acceptance of homosexuality, treatment of women, whether it is acceptable to drink alcohol) might be due, not to revelatory instructions from on high (after all, all of these folks purport to believe in the same Scripture), but to underlying social conditions such as the level of education of the population, whether there is an adequate social welfare and healthcare system in place, and the value placed on knowledge, equality and freedom of expression.

Summary

In conclusion, we can look at this report as an important and informative study of a group we need to take seriously due to their numbers and influence. Harold Camping gets mocked by TV networks and ignored by those in power, while Rick Warren gets a slot on the Presidential podium.

While evangelicals’ opinions on social matters vary depending on the social norms of their locality, we find that rejection of evolution by evangelicals is universal. Finally, we note that the greatest perceived threat to evangelical Christianity is the effect of the non-religious.

Well, at least they got that one right!

Tuesday, June 28, 2011

Aos detratores do direitos LGBT: Porque reconhecer a legitimidade da homoafetividade não é o mesmo que abrir caminho para a pedofilia?

A matéria original está disponível em http://www.foradoarmario.net/2011/06/eli-vieira-autor-desse-texto-e.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+ForaDoArmrio+%28Fora+do+Arm%C3%A1rio%29

A maioria dos seres humanos muda completamente de atitude quando aprende que ser canhoto, por exemplo, é sim uma questão biológica em vez de preferência ou escolha. O fato de os canhotos, hoje, não passarem mais por tortura na escola (com professoras tentando obrigá-los a usar a mão em que têm menos “destreza”) pode ser em parte atribuído a campanhas de conscientização de que diferenças devem ser respeitadas, não eliminadas a ferro e fogo, e as diferenças mais marcantes são aquelas de natureza, não as de cultura (mais carregadas da marca das escolhas).

O fato da palavra “destreza” significar o que significa, e ter a etimologia que tem, já é evidência desse preconceito tolo no passado.

A mudança de mentalidade de “escolha/opção” para “natureza” foi crucial para emancipar a “normalidade” dos canhotos. Tanto quanto está sendo para emancipar os homossexuais.

Você pode até ter o fundamento moral de que todas, ou ao menos a maioria das escolhas, merecem respeito tanto quanto condições naturais de indivíduos.

Mas isso está muito longe da atitude da maioria dos seres humanos, e se o exemplo dos canhotos não convence, convido a pensar no exemplo do autismo, em que até pouco tempo atrás era atribuído às escolhas educacionais das “mães geladeiras”.

Demonstrar a “naturalidade” do autismo foi e ainda é primordial para mudar a atitude da sociedade para com os autistas e as mães deles, incluindo a atitude da comunidade médica.

Das pesquisas neurobiológicas que existem sobre a homossexualidade, pode-se concluir que, quaisquer que sejam suas causas, escolha é a menos corroborada de todas.

A homossexualidade pode resultar de condições iniciais de desenvolvimento ontogenético (hipótese de ambiente hormonal do útero - que tem caído em desuso). Pode resultar de fatores ambientais MOLDANDO as vias de desenvolvimento que o organismo constrói usando a planta dos genes. Mas o papel dos genes na homossexualidade, tanto quanto na cor da pele, não pode mais ser negado nem ignorado. Até mesmo por razões evolutivas, pois não se espera que a seleção natural tenha favorecido sistemas neurológicos de detecção de parceiros sexuais com baixa participação dos recursos genéticos em seu desenvolvimento. Ou seja, não se espera que na evolução uma coisa tão importante para a sobrevivência e a reprodução quanto o comportamento sexual seja sujeito à maleabilidade cultural absoluta.

Quem confunde isso com determinismo genético precisa aprender a diferença entre genética mendeliana e genética molecular, entre característica monogênica e característica multifatorial (complexa). E também que identidade de gênero é uma coisa bem diferente de orientação sexual.

Por maior que seja o papel do ambiente na homossexualidade, não há fundamento algum para afirmar que é uma escolha, assim como não há fundamento para afirmar que o autismo resulta da preferência da “mãe-geladeira” por um certo tipo de educação.

Pedofilia também tem a “naturalidade” da homossexualidade, do canhotismo e do autismo? Pode ser, mas não é apenas essa naturalidade que torna homossexualidade, canhotismo e autismo “aceitáveis” ou ao menos “indignos de condenação”. Uma análise ética mais elaborada é feita da natureza desses comportamentos, incluindo os efeitos que têm em outras pessoas, informada pelo grau com que esses comportamentos são influenciados por recursos que escapam ao alcance do arbítrio de quem os manifesta.
Muita coisa na moralidade deve ser pensada em torno dos efeitos para com as partes envolvidas na questão moral a ser julgada, principalmente se as partes são seres humanos plenamente capazes e autônomos.

Pedofilia é um ato moralmente condenável porque uma das partes está em desvantagem - ontogenética, psicológica, autoritativa e até legal.

Se crianças sofrem por serem molestadas por pedófilos, elas são afetadas independentemente da cultura em que estão, porque são tolhidas em seu desenvolvimento biopsicossocial. É por isso que a pedofilia é transtorno do pedófilo, não da cultura.

Isso não acontece na homossexualidade. As partes envolvidas são adultos plenamente capazes em suas faculdades mentais e de arbítrio. Por isso, se o gay sofre por ser gay, quem é doente é a cultura em que ele vive.

Se a pedofilia for tão biologicamente fundamentada quanto a homossexualidade, isso significa que o pedófilo também não escolhe ser pedófilo (o que com toda a probabilidade é o caso), mas isso não é uma premissa para justificar que crianças sejam molestadas. A natureza de alguém não deve servir para ferir os direitos e a dignidade alheia. Então o pedófilo é condenável na medida em que cede a seus impulsos e abusa de crianças, e não por ser o que é, pois ele pode ser pedófilo apenas em pensamento e jamais praticar.

Crianças não são exatamente seres assexuados, muitas brincando se descobrem sexualmente. Mas crianças estão longe de serem organismos maduros para o sexo, elas devem ser protegidas de qualquer tentativa por parte de adultos neste sentido. Infelizmente, em algumas culturas, como algumas islâmicas, meninas de 9 a 13 anos servem de esposas para homens adultos. Muitas morrem de hemorragia interna após a noite de núpcias. No Afeganistão existe uma prática vergonhosa de prostituição de meninos, que são vendidos como escravos sexuais e obrigados a dançar com vestimentas femininas. E no Brasil não é baixo o número de famílias em que o molestador da criança muitas vezes é o próprio pai ou um parente próximo.

É absurdo comparar homossexualidade à pedofilia. Duas mulheres adultas ou dois homens adultos se desejando mutuamente estão realizando o direito dos dois à felicidade. Se a política está cogitando colocar o direito à felicidade na Constituição, é bom levar em conta que para essa parte da população brasileira, é só assim que a felicidade pode se realizar.

Quanto ao incesto, existem evidências de que sua condenação é quase universal nas culturas humanas, exceto em conjunturas como a manutenção de linhagens reais como a egípcia. A amplamente corroborada teoria de Westermarck dita que crianças criadas juntas até uma certa idade não se sentem compelidas na vida adulta a terem relações sexuais. Funciona até para crianças não aparentadas que cresceram juntas muito cedo em escolas. Isso é uma evidência de que existe um aparato mental de detecção de parentesco entre os seres humanos, que funciona inconscientemente. Se está em nossos cérebros, evoluiu. A genética explica muito bem por que razões o cruzamentos consanguíneos são indesejáveis: leva à dose dupla de alelos deletérios na prole, por isso o conhecimento popular já dita que filhos de primos em primeiro grau ou de pais irmãos têm alta chance de nascerem com deformidades.

Mas este é o aspecto reprodutivo da questão do incesto, e o aspecto evolutivo para as razões pelas quais ele nos provoca repulsa. Dois irmãos que jamais se conheceram na infância podem se encontrar na vida adulta, não saber que são irmãos e começar um relacionamento marital. Acontece, e é uma questão de baixas probabilidades que vêm à tona. O que há para condenar nisso? Ainda há a questão reprodutiva, mas e se forem estéreis?

Se só você conhecesse um casal de irmãos, e só você soubesse que são irmãos, e que são estéreis, você deveria condenar a relação deles contando o que sabe, ou deveria ficar em silêncio e não interferir?

É muito difícil decidir esse tipo de coisa, moral não é matemática. Nossa sorte é que é raro de acontecer. Por isso, para todo caso raro, devemos estar preparados para debater e ouvir o que as partes interessadas têm a dizer.

Alguns pedófilos vão querer defender um suposto direito de se relacionarem maritalmente com crianças, outros pedófilos dirão que abominam marcar e ferir psicologicamente uma criança indefesa e pedirão drogas para cortar a libido.

Casais incestuosos poderão armar fraudes em documentações para se casarem e até podem querer ter filhos. O Estado deve intervir para que se separem, ou para que não se reproduzam?

Respostas a esses dilemas devem ser debatidas. Abrir livros supersticiosos antigos e ler palavras de ordem neles escritas nada ajuda na resolução desses problemas.

Friday, June 24, 2011

Será que Cristo suportaria ensinar algo atualmente?

O Sermão da montanha (versão para educadores)

Naquele tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem.
Ele os preparava para serem os educadores capazes de transmitir a lição da Boa Nova a todos os homens.
Tomando a palavra, disse-lhes:
– Em verdade, em verdade vos digo:
– Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
– Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
– Felizes os misericordiosos, porque eles…?
Pedro o interrompeu:
– Mestre, vamos ter que saber isso de cor?
André perguntou:
– É pra copiar?
Filipe lamentou-se:
– Esqueci meu papiro!
Bartolomeu quis saber:
– Vai cair na prova?
João levantou a mão:
– Posso ir ao banheiro?
Judas Iscariotes resmungou:
– O que é que a gente vai ganhar com isso?
Judas Tadeu defendeu-se:
– Foi o outro Judas que perguntou!
Tomé questionou:
– Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?
Tiago Maior indagou:
– Vai valer nota?
Tiago Menor reclamou:
– Não ouvi nada, com esse grandão na minha frente.
Simão Zelote gritou, nervoso:
– Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?
Mateus queixou-se:
– Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!
Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:
– Isso que o senhor está fazendo é uma aula?
– Onde está o seu plano de curso e a avaliação diagnóstica?
– Quais são os objetivos gerais e específicos?
– Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?
Caifás emendou:
– Fez uma programação que inclua os temas transversais e atividades integradoras com outras disciplinas?
– E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais?
– Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?
Pilatos, sentado lá no fundão, disse a Jesus:
– Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, ao final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade.
– Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto.
– E vê lá se não vai reprovar alguém!
E, foi nesse momento que Jesus disse: “Senhor, por que me abandonastes…”

Saturday, June 4, 2011

Meiji

Há algum tempo recomendei fortemente o Kansai como sendo o melhor restaurante japonês de Maceió. O sushi-man do Kansai agora tem seu próprio "point", o Meiji, e, como era de se esperar, o novo melhor restaurante de culinária japonesa da cidade mudou de endereço.



A modalidade de funcionamento é o rodízio. As peças são expostas no balcão em quantidades mínimas, e são constantemente repostas por Luciano, o sushi-man, e sua equipe. Recomendo o sashimi de peixe branco (meu preferido), o Bora-Bora e tudo o que seja de salmão.

Vale a pena conferir os pratos que Luciano prepara na hora, em particular os temakis.

O atendimento é impecável, o preço mais do que justo e o ambiente muito agradável.

Parada obrigatória em Maceió!

Tuesday, April 26, 2011

Sobre a bíblia

A Dra. Laura Schlessinger é uma radialista norte-americana de extrema-direita. Apesar de ser judia, ela é adorada pelos fundamentalistas evangélicos, uma vez que defendem rigorosamente os mesmos princípios. Seu discurso é tão virulento que o programa que apresenta nos EUA foi proibido no Canadá, onde a lei proíbe a pregação de ódio contra minorias. Há cerca de três anos, ela causou furor ao condenar o homossexualismo com base nas Escrituras, uma vez que em Levítico 18:22 tal prática é considerada uma abominação. E emendou: "A Palavra de Deus é eterna e imutável". A afirmação fez com que um anônimo internauta escrevesse a pérola abaixo:

Querida Dra. Laura:

Obrigado por fazer tanto para educar as pessoas a respeito das Leis de Deus. Aprendi muito com seu programa e tento compartilhar esse conhecimento com o maior número possível de pessoas. Quando alguém tenta defender o estilo de vida homossexual, por exemplo, eu simplesmente lembro-lhe que Levítico 18:22 claramente classifica isso como abominação. Fim da argumentação.

Entretanto, eu preciso de conselho seu a respeito de outras leis bíblicas e como segui-las da melhor maneira. Em especial:
* Quando eu queimo um touro no altar como sacrifício, sei que isso cria um odor suave ao Senhor (Levítico 1:9). O problema é com meus vizinhos. Eles dizem que o odor não lhes é agradável. Devo castigá-los?
* Eu gostaria de vender minha filha como escrava, conforme autorizado em Êxodo 21:7. Na sua opinião, qual seria o preço justo que eu deveria pedir por ela hoje em dia?
* Eu sei que não posso ter contato com uma mulher quando ela está no seu período de impureza menstrual (Levítico 15:19-24). O problema é como saber. Eu tentei perguntar, mas a maioria das mulheres se ofende.
* Levítico 25:44 sustenta que eu posso ter escravos, homens e mulheres, desde que comprados de nações vizinhas. Um amigo meu afirma que isso se aplica aos mexicanos, mas não aos canadenses. Pode esclarecer? Por que não posso ter escravos canadenses?
* Tenho vizinhos que insistem em trabalhar no dia sagrado (sábado para os judeus, domingo para os cristão). Êxodo 35:2 sustenta claramente que eles devem ser mortos. Estou moralmente obrigado a matá-los eu mesmo?
* Um amigo meu acha que, embora comer crustáceos seja uma abominação (Levítico 11:10-11), é uma abominação menor que o homossexualismo. Eu discordo. Qual de nós está certo?
* Levítico 21:20 afirma que não devo me aproximar do altar de Deus se tiver um defeito em minha vista. Tenho que admitir que uso óculos de leitura. Minha visão precisa ser 20/20 ou há alguma flexibilidade aí?
* A maior parte dos meus amigos homens usa o cabelo aparado, incluindo o cabelo das têmporas, apesar disso ser expressamente proibido em Levítico 19:27. De que forma eles devem morrer?
* Meu tio tem uma fazenda. Ele viola Levítico 19:19 plantando duas culturas diferentes no mesmo campo, assim como sua mulher ao usar roupas feitas de dois tecidos diferentes (algodão e poliéster). Ele também costuma praguejar e blasfemar. É realmente necessário ter o trabalho de reunir toda a população da cidade para apedrejá-los (Levítico 24:10-16)? Não podemos simplesmente queimá-los vivos numa cerimônia familiar reservada, como fazemos com aqueles que dormem com as sogras (Levítico 20:14)?

Sei que a senhora estudou a fundo esses assuntos, por isso estou certo de que pode me ajudar. Obrigado por nos lembrar que as palavras de Deus são eternas e imutáveis.

Seu fã devoto

Tuesday, February 1, 2011

Maceió, 1 de fevereiro

Já estou de volta em casa. A viagem se tornou excessivamente longa graças às conexões: uma em Lisboa e outra em Brasília. É o preço de morar no paraíso: a falta de boas conexões.

Os dias em Roma com Talita foram ótimos. Preparamos um roteiro ninja para quem tem disposição de andar:

Onze horas a pé por Roma

Saindo de Termini, entre na Via Principe Amedeo. Vá até o Teatro da Opera. Logo depois entre à direita e visite a Piazza da Repubblica e, em frente, a igreja de Santa Maria degli Angeli; atenção ao órgão e ao calendário solar. Pegue a Via XX Settembre à esquerda e veja a igreja de San Carlo Quatro Fontane e os chafarizes na rua. Vá pela Via delle Quatro Fontane até a Fontana del Tritone, perto da Piazza Barberini. Ande pela viela Viccolo Barberini, com lojas muito boas e arborizada com pés de tangerinas. Ande pela Via Sistina que chegará na igreja Tinità dei Monte, no topo da Scalinata Trinità dei Monti. Ao pé das escadas tem a Piazza di Spagna e um belo chafariz. Ande pela Via Condotti e aprecie as lojas Bulgari, Dior etc. Pegue a Via del Corso à direita e visite a basílica de Santo Ambroggio e Carlo. Continue até a Piazza del Popolo. Atravesse a Ponte Margherita em direção ao Vaticano. Faça uma parada no Caffè Portofino (http://www.caffeportofino.it) e aprecie um café com um paninni. Continue até o muro do Vaticano, e contorne-o à esquerda; entrará na praça principal. Visite o Vaticano. Ao sair, entre à esquerda pela rua que margeia o muro e entre no Museu do Vaticano. Visite especialmente os jardins, as salas de esculturas, as salas de Rafael e a Capela Sistina. Pode pular as salas de arte contemporânea. Ao sair do Museu do Vaticano, dirija-se pela Via Porcari em direção ao Castel Sant'Angelo. Atravesse a Ponte Sant'Angelo, e entre numa viela à esquerda: Via di Panico. Logo na frente, à esquerda novamente, você verá a Antica Taverna Mangia Bene (Via di Monti Giordano, 12, http://www.AnticaTavernaMangiaBene.it); peça o prato de queijos de entrada. Saindo da cantina, à direita duas vezes chegará na Piazza Navona. Atravessando-a passa pelo Palazzo Madama, logo depois no Panteão e mais na frente no Templo Adriano. Pegue novamente a Via del Corso, à direita, e visite o Monumento a Vittorio Emanuele II. Daí vá ao foro romano circulando pela Via di San Teodoro, Via del Cerchi (contornando o Circo Massimo) e entre à esquerda na Via di San Gregorio. Passe pelo Arco di Costantino e chegará no Colosseo. Dirija-se a Via Cavour e siga por ela até Santa Maria Maggiore. Perto dela tem uma igreja pequena, porém bem interessante: Santa Prudenziana; parece feita uma sobre a outra. Estará morto e perto de Termini novamente.

Outros lugares imperdíveis

* No início da Via Nazionale, perto do forum, entre na Salita de Grillo e contorne as ruínas até o Largo do Ricci e a Via dei Fori Imperiali. Vista magnífica das excavações e do Colosseo. Contorne o Monumento a Vittorio Emanuele II, na parte alta tem uma vista magnífica das excavações, saia pelo pátio principal do Campidoglio. Vá até o Teatro Marcello e circule entre ele e a Piazza Aracoeli; visite o Portico d'Ottavia. Perto do Teatro Marcello tem a sinagoga e o bairro judeu (o ghetto). Comer carccioffi alla giudia no La Taverna del Ghetto. Da Sinagoga vá até a Area Sacra: visite os gatos. Siga pela Via Arenula até a Ponte Garibaldi, atravesse e coma pizza perto da igreja Santa Maria in Trastevere.

* Tomar o Gran Caffè Speciale e o Granitto di Caffè con Panna no Santo Eustacchio, piazza Santo Eustacchio perto do Panteão. Depois vá a igreja de Santo Ignazio; muito rica e muito impressionante.

* No final da Cavour, perto do Foro, em um canto do balão, no alto tem uma igreja com um teto magnífico: Santos Domenico e Sisto.

Talita, no seu blog, ilustrou esses roteiros em mapas com fotografias.

Frascati, 26, 27 e 28 de janeiro

Quarta-feira 26/1

Esse foi o dia dos artigos mais teóricos e voltados à modelagem polarimétrica e interferométrica. Gostei de todos os trabalhos, e vi claras possibilidades tanto de cooperação quanto de novas linhas de pesquisa. Há demanda objetiva por novos modelos e por avanços teóricos na descrição e análise estatística desse tipo de dados e de seus derivados. Apenas como exemplo, os sensores de alta resolução estão gerando dados que não verificam a hipótese de reciprocidade e, portanto, modelos onde HV não é idêntica a VH serão muito bem-vindos.

Quinta-feira 27/1

Dia de aplicações de PolInSAR a florestas. Interessante constatar que os modelos clássicos falham quando se trata de floresta densa. Mais oportunidades para modelagem...

Sexta-feira 28/1

O dia é dedicado a redigir as recomendações para cada grupo. Essas recomendações irão dar o norte para a chamada de artigos do PolInSAR 2013. Na parte de Modelos e Métodos, recomenda-se a procura por modelos atrelados a problemas reais, e sempre mostrar aplicações.

Um grande congresso!

Tuesday, January 25, 2011

Frascati, 25 de janeiro

Segundo dia do evento, hoje as sessões foram dedicadas a interferometria. O assunto é bem denso, e muito interessante.

Foi dado um alerta na conferência. Nos últimos quatro meses morreram três pessoas notáveis da área, todos por causa de gripes que evoluíram para pneumonias. Os três viajavam muito, e trabalhavam demais segundo seus colegas. O aviso foi dado para os que, por causa das viagens, estão expostos a contaminações e, por causa do trabalho, não têm uma qualidade de vida adequada. Deixo aqui o registro.

Monday, January 24, 2011

Frascati, 24 de janeiro

24 de janeiro

A noite foi curta, mas acordei com um café da manhã correto. Logo depois peguei o ônibus para o evento.

A sede da ESA (European Space Agency) lembra muito o INPE: prédios baixos, tudo muito "clean", organizado e eficiente.

O evento é de tirar o fôlego: das 8:00 às 20:00 com menos de duas horas para almoçar e dois intervalos de quinze minutos... e há quem diga que os congressos são "turismo científico".

Os trabalhos apresentados são, em média, excelentes. Há poucas exceções, e eu chego a sentir pena pelos apresentadores. Hoje um deles falou de uma "nova" técnica para decompor o sinal polarimétrico em quatro ao invés de três componentes, e no final falou que estava trabalhando no tratamento de uma quinta componente. Um dos grandes da área pediu a palavra e falou muito seriamente, quase ríspido mas muito educado, que essa ideia já havia sido proposta, inclusive com a decomposição do quinto elemento, em dois artigos dos anos tal e tal. Recomendo ao apresentador revisar a literatura com mais cuidado. Um mico do tamanho de King Kong.

Meus alunos podem cometer o mesmo pecado, mas não por não saber o que é para ser feito.

O relato de hoje é curto porque estou cansado, e porque o resto das notícias é muito técnico.

Até amanhã!

Sunday, January 23, 2011

MCZ-FCO 22 e 23 de janeiro

22 de janeiro

Saída de casa às 10:00 para pegar o voo Maceió-Salvador. Nada especial a relatar, só o calor de vestir uma camisa para o inverno europeu em pleno verão nordestino. No aeroporto a surpresa de só poder emitir os trechos MCZ-SSA e SSA-LIS.

Chegada em Salvador por volta das 13:30 e procura imediata pelo balcão da Tap... que só abre às 19:30. O tempo é muito para ficar feito uma assombração no aeroporto, e pouco para qualquer programa medianamente interessante. Opto por ir ao shopping Salvador Norte, que fica perto do aeroporto. Vou de ônibus. É uma versão pobre (bem pobre) do Salvador Shopping, mas pelo menos tem uma praça de alimentação mais variada do que a do aeroporto. A Lan House fecha às 17:00, e só dá tempo para mandar um par de mensagens. Volto ao aeroporto.

Sou o segundo da fila para ser atendido no balcão da Tap. Chega a minha vez e, surpresa, o sistema não permite emitir o trecho LIS-FCO. Make the what? Esperar até a hora do embarque. Pelo menos consigo viajar na saída de emergência, onde posso esticar as pernas.

23 de janeiro

O voo até Lisboa é tranquilo. O atendimento da Tap cumpre rigorosamente com o mínimo esperado, e é tolerável para uma viagem de até oito horas.

O tempo de conexão é curto, apenas o suficiente para fazer o controle de passaporte e dar uma volta pelas lojas e bares. Surpreendem os preços dos lanches: iguais ou menores do que nos aeroportos do Brasil: um sanduíche de baguette e um expresso (ambos excelentes) saem € 6,00.

O voo chegou em Roma um pouco adiantado. Me perdi nas lojas enquanto procurava pela minha bagagem. Perdido mesmo! O aeroporto Leonardo da Vinci é enorme, e tem muitas lojas enormes e luxuosas.

Primeira visão na saída da alfândega em Roma: uma freira empurrando um carrinho de bagagens em uma direção, e uma espécie de Cicciolina parcialmente embrulhada (as partes não embrulhadas são essas mesmo) em um abominável casaco de peles. Duas tristes visões de vidas perdidas...

Ao sair da alfândega (fiz migrações em Lisboa) vi um pessoal com placas da ESA. O meu nome não constava na lista de passageiros, mas estavam esperando por alguém do Japão que viria para o mesmo hotel que eu. O motorista, muito atencioso, aceptou me trazer e a conta ficou pela metade para cada um.

Em Frascati. O hotel é aparentemente pequeno. A recepção é minúscula, mas o quarto é espaçoso e muito bem equipado. Tenho até uma varandinha com uma mesa e cadeiras com vista para a cidade! Acabou de faltar energia... mas voltou. Lembrei dos apagões em Recife e Maceió, faz tempo que não padecemos deles!

Vou dormir na minha magnífica cama de casal. O quarto está quentinho, aconchegante...